ENTENDA A CONFUSA E CAÓTICA SI

ENTENDA A CONFUSA E CAÓTICA SITUAÇÃO DO LIVERPOOL

O momento do Liverpool é um dos mais conturbados da história. O júri vai se pronunciar sobre o assunto e pode dar o veredicto já nesta manhã de quarta-feira (13/out). Vou tentar resumir e explicar o drama dos Reds. É complicado, mas vamos por partes.

O RISCO DA CONCORDATA
O Liverpool tem uma dívida de aproximadamente £240m com o Royal Bank of Scotland (RBS). O problema é que o prazo final estipulado para o pagamento de £200m é de 15/out/2010, ou seja: sexta-feira.

Caso contrário, o clube seria colocado em concordata. Para piorar ainda mais, além dos problemas administrativos, isso significaria a perda de nove pontos na classificação do Campeonato Inglês.

O QUE FALTA?
Basicamente, o dinheiro. Tom Hicks e George Gillett colocaram o clube à venda, pois só assim existe a possibilidade de aparecer alguém disposto a comprar o Liverpool e saldar as dívidas. A questão é a falta de tempo para que isso aconteça antes de sexta-feira.

MAS A VENDA NÃO TINHA SIDO ANUNCIADA?
Tinha. Na última semana, foi divulgado um acordo de £300m com um grupo de norte-americanos, da New England Sports Ventures (NESV), empresa que já é dona do Boston Red Sox (importante time de beisebol nos EUA).

O problema é que a proposta de compra foi aceita por Martin Broughton, homem forte que foi colocado no cargo pela RBS (como parte da renegociação da dívida) exatamente para tomar conta do clube neste processo de transição. Até aí tudo bem, não fosse a dupla Hicks e Gillett novamente atrapalhando. Eles não gostaram da oferta e atrasaram ainda mais o processo de venda, que já tinha sido até regularizado pela Premier League.

O JULGAMENTO DE TERÇA-FEIRA
O RBS (banco escocês) tenta forçar a venda do Liverpool para o grupo NESV, alegando que houve uma quebra de contrato por parte de Hicks e Gillett quando os donos desmentiram Martin Broughton e ainda demitiram o diretor comercial Ian Ayre e o chefe-executivo Christian Purslow, que também haviam anunciado o acordo na última semana.

A ideia do julgamento era: caso o RBS vença a causa, Hicks e Gillett seriam afastados do comando e não teriam o poder de tomar a decisão. Além disso, Ayre e Purslow voltariam para os seus cargos na diretoria e seriam os responsáveis por aprovar a venda para a NESV, o que aconteceria (já que eles já haviam concordado com isso antes da demissão).

No meio de todo o caos, surgiram as notícias de outras propostas para a compra do clube. A primeira delas seria a de Peter Lim, empresário de Cingapura, que estaria disposto a investir £360m no Liverpool.

O grande problema é que a chance de outro grupo que não o NESV comprar o Liverpool é muito pequena, já que existe um acordo assinado com os norte-americanos, garantindo o prazo de 1/nov como limite para a definição da compra. Até lá, dificilmente outra proposta seria aceita, a não ser que o NESV desista (pouco provável).

Durante a troca de acusações entre defesa e ataque, surgiu outro nome: o da Mill Financial, primeiramente vinculado ao grupo de Peter Lim, mas que, depois, ficou definido como uma terceira proposta de compra do clube.

O DISCURSO DE HICKS E GILLETT
Os atuais donos assumiram o erro na demissão dos membros da diretoria, mas levantaram outra questão: “temos três propostas na mesa (NESV, Meriton e Mill Financial) e a diretoria precisa ter o direito de analisar qual é a melhor e não pode existir correria para que a decisão não seja comprometida”. Eles também questionaram o motivo pelo qual o RBS resolveu “ignorar” ofertas mais altas.

Martin Broughton (homem do RBS na diretoria do Liverpool) ressaltou a necessidade de uma decisão até a sexta-feira, mas o juiz respondeu dizendo que seria “um pouco ambicioso” esperar um veredicto tão rápido.

Segundo a Reuters, os advogados teriam reforçado a possibilidade da concordata na sexta-feira: “se o prazo do dia 15/out for quebrado sem o pagamento ou uma renegociação da dívida, o Royal Bank of Scotland tomaria o controle do clube e conduziria o processo de venda por conta própria”.

Por isso, os advogados de Tom Hicks já começaram a forçar um adiamento no prazo, para que o Liverpool tenha até o dia 1/nov para saldar as dívidas.

ENTENDENDO AS PROPOSTAS

NESV – O grupo New England Sports Ventures, comandado por John W. Henry e os donos do Boston Red Sox, chegou a um acordo com parte da diretoria pela compra do Liverpool. £200m seriam pagos ao RBS para saldar boa parte das dívidas e outros £100m seriam destinados ao clube.

MERITON - O bilionário Peter Lim (sétimo homem mais rico da Cingapura) chegou a negociar com a diretoria do Liverpool, mas perdeu a disputa para a NESV. Voltou com uma proposta maior na véspera do julgamento. A ideia seria investir £320m no clube, incluindo os £200m da dívida e disponibilizar mais outros £40m que iriam para o técnico Roy Hodgson contratar jogadores.

MILL FINANCIAL – É um fundo norte-americano que “surgiu” como interessado após os advogados de Hicks e Gillett tocarem no assunto. Pouco se sabe sobre as negociações, que aparentemente não avançaram. Martin Broughton teria uma reunião com representantes do grupo na última quinta-feira, mas ela acabou sendo cancelada. Segundo os advogados de Hicks e Gillett, a proposta era do pagamento total das dívidas, mais £100m para a construção do novo estádio. Nada foi dito oficialmente, por enquanto, nem pela própria Mill Financial