Sem 'Projeto Chera', Victor Andrade deve sair do Santos
Clube acertou novas bases com Chera, mas não deve segurar outra promessa, de malas prontas para a Espanha
O projeto de carreira acordado entre Santos e Jean Carlos Chera garantiu a permanência do jovem meia, desde cedo tratato como joia, na Vila. Porém, o tiro que parece certo para o futuro ainda pode sair pela culatra. Desde já, o projeto deixou "sequelas"...
O LANCE!NET apurou que, simultaneamente ao tratamento quase presidencial oferecido a Jean e seu pai, Celso Chera, o Peixe pode perder outro diamante da base: Victor Andrade, apontado como o sucessor de Robinho no clube.
Jorge Nelson Santos, pai e representante do garoto, voltou recentemente de viagem da Espanha. Lá, ouviu uma tentadora proposta de um dos grandes clubes do país. O acordo está costurado e deve ser confirmado no início de 2011.
– Sempre somos convidados a conhecer clubes europeus, a estrutra. Fui à Europa, conversei mesmo com algumas pessoas. O problema é que aqui mudaram algumas cabeças nessa nova diretoria do Santos, mas o pensamento também tinha que mudar – disse.
No caminho inverso de outros meninos, Andrade chegou à Vila após se destacar pelo Benfica (POR) na disputa da Copa Aveiro, em 2007. Fã de Robinho, sonhava jogar no clube do Rei do Drible.
A diretoria, no entanto, desconhece qualquer proposta para o atacante, mas admite que o projeto de carreira, na base, ainda é exclusividade para Chera.
– A princípio, somente para o Jean. Confio na permanência de todos, não temos conhecimento de nada quanto ao Victor, estamos tranquilos – disse Paulo de Carvalho, diretor da base.
O grande problema é que a reunião de Chera com a diretoria foi motivada após uma briga do pai do meio-campista com Luiz Fernando Moraes, dirigente da base santista. Ambos discutiram e quase chegaram às vias de fato.
Dias depois, Celso Chera bateu à porta exigindo novidades e ameçando tirar o seu filho do Santos. O clube, então, lançou o projeto de carreira, mas pode acabar pagando caro pela regalia ao seu craque.
Pais de outros jovens já discutem internamente os privilégios do jogador. Victor, grande promessa, pode ser só o primeiro adeus.
Com a palavra
João Chiminazzo, advogado especialista em direito desportivo:
'Melhor caminho é recorrer à Fifa'
"A Fifa proíbe transferências internacionais de jogadores com idade inferior a 18 anos. Na teoria, esse jogador não poderia ir para a Espanha de forma oficial.
Para burlar isto, os clubes contratam os pais dos jogadores e, por coincidência entre aspas, o filho joga pelo time. O Barcelona fez isso com o Messi, por exemplo.
Sobre a Lei 9615, se um time de fora vier fazer negócio com esse atleta, por ser um jogador em formação, ela não pode ser aplicada a este clube, pois é restrita ao Brasil.
O melhor caminho para o Santos é recorrer à Fifa e exigir providências para vetar a negociação. Se tomar as cautelas necessárias, é quase impossível perder o jogador.